quinta-feira, 25 de junho de 2009

não

a página em branco
o deleite açucarado (não)
ouvir o som por entre as notas
o que ouvir ao dispensar o fel?

terça-feira, 23 de junho de 2009

o bigode do homem


a teoria era que o bigode de tamanho médio do deputado e ex-prefeito era a própria metonímia de uma administração medíocre da coisa pública. os seis centímetros repousavam milimetricamente sobre os lábios, um tanto à direita, outro à esquerda. foi assim durante longos oito anos, período de festa e sem sobressaltos aparentes na pacata cidade. à medida que o tempo passava, apenas o grisalho tingindo os vastos pelos lembravam ao munícipe que alguma coisa estava acontecendo. (reinava a não notícia na região). de modo que o bigode do homem se tornara uma espécie de unidade de medida na cidade, onde o provincianismo era abençoado pelo vento noroeste, mas não referendado pelos jogadores de dominó, a maioria dos 17% de aposentados do município. hoje, passado o tempo que o relógio marcou, o homem não está mais lá. a pasmaceira na bela cidade também se foi desde que a petrobras descobriu o pré-sal. a região já está logrando os frutos, em translúcido desenvolvimento - as aves que lá gorjeavam, homem, não mais o fazem com a leniência de outrora.



ps.: o homem, - que desacreditava em óleo embaixo de sal - tirou o bigode. faz todo sentido.